O desenvolvimento socioeconômico dos países mundo afora são correlacionados aos investimentos em educação, ciência e tecnologia. O Brasil, por sua vez, busca cada vez mais alcançar patamares maiores em desenvolvimento e qualidade de vida, e isso só é possível por meio das Universidades e de investimentos em ciência e inovação.
Nesse sentido, é de suma importância que os desenvolvimentos científicos e tecnológicos estejam alinhados às necessidades da sociedade, uma vez que esses precisam impulsionar a comunidade como um todo e não partes isoladas. Entretanto, nos últimos anos, o que tem acontecido é um afastamento das ciências e das pesquisas da sociedade, o que abriu espaço para a pós-verdade e para o negacionismo, por exemplo. Considerando que a qualidade do processo científico é quantificada através de métricas como números de artigos publicados, número de patentes, número de dissertações e teses orientadas, o trabalho de um pesquisador bem sucedido é obter mais pontos dentro desse sistema de regras artificialmente formulado. Assim, o trabalho torna-se algo burocrático que tem como objetivo manter estratégias vencedoras sem uma reflexão crítica, e, dessa forma, a pesquisa científica se torna cada vez mais especializada em sua própria autorreprodução, isolando-se de todo o resto.
Por isso, é de suma importância que o conhecimento científico encontre novamente um diálogo com a sociedade, evitando o rigor e o academicismo exacerbados e tornando as pesquisas mais acessíveis à população. As disciplinas e as pesquisas realizadas dentro das Universidades não podem ser vistas apenas como um apanhado de teorias sobre fenômenos abstratos. Esses conhecimentos têm, na realidade, efeitos estruturais, ou seja, é a partir deles que pode-se proporcionar mudanças efetivas na sociedade.
A ciência, a pesquisa e a inovação não podem ser neutras; devem ser um fenômeno social. Portanto, essas só podem ter suas concepções alteradas em paralelo com toda a sociedade, a partir das necessidades dessa. As teorias e os avanços científicos só realizam seu valor se forem bem entendidos por todos, pois as abordagens científicas não devem ser exclusivas do mundo acadêmico. O papel de um cientista é promover um melhor entendimento da realidade buscando soluções que vislumbrem a transição para um maior bem-estar social.
A importância do Observatório de Políticas Públicas da Unicamp
A Unicamp, Universidade de destaque no país, se esforça para superar adversidades e proporcionar avanços nos mais variados campos de atuação. No mês de junho, a Faculdade de Ciências Aplicadas, localizada no campus de Limeira, lançou o Observatório de Políticas Públicas (OPP). Todo o projeto objetiva explorar a conexão entre a pesquisa científica e as políticas públicas. Assim, propõe a aplicação dos saberes, adquiridos academicamente, à realidade local.
Todas as pesquisas que integram o OPP têm relação com demandas da sociedade, por isso apresentam relevância social, o que, mais uma vez, coloca a Unicamp como grande aliada na prosperidade tanto da ciência e da inovação quanto da sociedade como um todo, a fim de aprimorar a qualidade de vida. Os principais objetivos da iniciativa são a produção, a comunicação e a divulgação de pesquisas aplicadas e em desenvolvimento que contemplem olhares analíticos, críticos e prescritivos das políticas públicas e da realidade social. Ou seja, por meio de investigações minuciosas, todos os membros do OPP focam em qualificar as políticas públicas relativas a essas áreas para contribuir com o desenvolvimento da sociedade considerando, ainda, a realidade social local e suas particularidades.
Os resultados de dez pesquisas do grupo foram apresentados durante o evento de lançamento. Entre os temas delas, pode-se destacar o tratamento de resíduos sólidos, a erradicação do trabalho infantil, o diagnóstico do Centro de Zoonoses, a análise dos programas Saúde para Todos, Bolsa Creche, Nossa Cara, Feira do Produtor Rural, a política de combate à evasão escolar “Nenhum Estudante para Trás”, o Plano Municipal de Saneamento Básico e o Parque Iluminação Pública. Como pode-se atestar pelos nomes, todas essas pesquisas se mostram preocupadas com a prática da cidadania na comunidade, atentando para sustentabilidade, para o cuidado e proteção às crianças e para a saúde e bem-estar dos cidadãos.
O OPP tem como intuito colaborar para a formação de administradores públicos e promover o interesse da população pela cidadania. Por meio da pesquisa e do mapeamento dos participantes do projeto, é possível gerar impactos sociais relevantes. Portanto, a iniciativa também tem êxito ao aproximar o poder público, a Universidade e a sociedade, possibilitando, com isso, uma maior e melhor compreensão das políticas públicas.
Referências:
A DISTÂNCIA entre ciência e sociedade. Carta Capital, 04/01/2017. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/vanguardas-do-conhecimento/a-distancia-entre-ciencia-e-sociedade/>. Acesso em: julho de 2022.
FCA Unicamp lança Observatório de Políticas Públicas. FCA Unicamp Limeira, 22/06/2022. Disponível em: <https://www.fca.unicamp.br/portal/pt-br/comunic-2/comunicacao-noticias/comunicacao-not-ensino/2176-fca-unicamp-lanca-observatorio-de-politicas-publicas.html>. Acesso em: julho de 2022.
KAMPF, Cristiane. Faculdade de Ciências Aplicadas lança Observatório de Políticas Públicas, 24/06/2022. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2022/06/24/faculdade-de-ciencias-aplicadas-lanca-observatorio-de-politicas-publicas>. Acesso em: julho de 2022.
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